quinta-feira, 21 de janeiro de 2016
O Homem Integral
As enciclopédias definem o homem como um “animal racional, moral e
social, mamífero, bípede, bímano, capaz de linguagem articulada, que ocupa o
primeiro lugar na escala zoológica; ser humano...”
O momento mais eloqüente do seu processo evolutivo deu-se quando
adquiriu a consciência para discernir o bem do mal, a verdade da impostura, o
certo do errado, prosseguindo na marcha ascensional que o conduzirá às
culminâncias da angelitude.
Estudado largamente através dos séculos, Pitágoras afirmava que ele (o
homem) é a medida de todas as coisas, enquanto Sócrates elucidava ser o
objeto mais direto da preocupação filosófica.
Durante o estoicismo e o neoplatonismo houve uma preocupação para que
ocorresse a “dissolução do homem em a Natureza”, mesmo aí revelando a
grande preocupação de ambas as escolas com este ser admirável.
Na conceituação cristã ele “transcende o mundo”, em uma dimensão
totalmente diferente desta.
Já o racionalismo o considera, desde Descartes, como o “ser pensante por
excelência, como a razão que compreende e explica o mundo e a si mesma.”
No espiritualismo idealista o “espírito tem a primazia em tudo que se
relaciona com o mundo e a vida humana”, enquanto que para o materialismo o
“espírito não é mais que uma forma de atividade da matéria que, em
determinada fase de sua evolução, de formas simples para outras mais
complexas, adquiriu consciência...”
Mivart, o célebre naturalista inglês, analisando, psicologicamente, o homem,
esclarece que ele “difere dos outros animais pelas características da abstração,
da percepção intelectual, da consciência de si mesmo, da reflexão, da memória
racional, do julgamento, da síntese e indução intelectual, do raciocínio, da
intuição intelectual, das emoções e sentimentos superiores, da linguagem
racional, do verdadeiro poder de vontade.”
Sócrates e Platão estabeleceram que o homem era o resultado do ser ou
Espírito imortal e do não ser ou sua matéria que, unidos, lhe facultavam o
processo de evolução.
Os filósofos atomistas reduziam-no ao capricho das partículas que, em se
desarticulando, aniquilavam-se através do fenômeno biológico da morte.
Jesus, superando todos os limites do conhecimento, fez-se o biótipo do
Homem Integral, por haver desenvolvido todas as aptidões herdadas de Deus,
na condição de ser mais perfeito de que se tem notícia.
Toda a Sua vida é modelar, tornando-se o exemplo a ser seguido, para o
logro da plenitude, de quem deseja libertação real.
A Filosofia, mediante as suas diversas escolas, tem procurado oferecer ao
homem caminhos que o felicitem em contínuas tentativas de interpretar a vida
e entendê-lo.
A Psicologia, que inicialmente se confundia com a estrutura filosófica, de
passo em passo libertou-se de seu jugo e, buscando estudar a psique,
alcançou, na atualidade, expressão de relevo para a compreensão do homem,
dos seus problemas e seus desafios psicológicos.
A multiplicidade de tendências ora vigentes, nessa área, comprova o
interesse dos estudiosos desta e de outras disciplinas do conhecimento,
buscando a libertação do indivíduo em relação aos desafios e dificuldades que o afligem.
Algo recentemente (1966) surgiu, nos Estados Unidos, a quarta força em
Psicologia, que é a Transpessoal, ampliando o campo de investigação além do
Behaviorismo, da Psicanálise e da Psicologia Humanista, fornecendo mais
amplos esclarecimentos sobre o homem integral...
Os seus pioneiros vieram dos quadros da Psicologia Humanista, facultando
a introdução de alguns ensinamentos e experiências orientais, graças aos
quais abrem espaços para uma visão espiritualista do ser humano em maior
profundidade.
O Espiritismo, por sua vez, sintetizando diversas correntes de pensamento
psicológico e estudando o homem na sua condição de Espírito eterno,
apresenta a proposta de um comportamento filosófico idealista, imortalista,
auxiliando-o na equação dos seus problemas, sem violência e com base na
reencarnação, apontando-lhe os rumos felizes que deve seguir.
Na presente Obra fazemos um estudo de diversos fatores de perturbação
psicológica, procurando oferecer terapias de fácil aplicação, fundamentadas na
análise do homem à luz do Evangelho e do Espiritismo, de forma a auxiliá-lo no
equilíbrio e no amadurecimento emocional, tendo sempre como ser ideal
Jesus, o Homem Integral de todos os tempos.
Embora reconheçamos singela a nossa contribuição, esperamos de alguma
forma auxiliar aqueles que nos leiam com real desejo de renovação e de
aquisição de saúde psicológica, consciente de havermos feito o máximo ao
nosso alcance, neste grave momento da Humanidade.
Salvador, 20 de fevereiro de 1990.
Joanna de Ângelis